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Mostrando postagens de 2017

CARTA RESPOSTA DE FERNANDA MONTENEGRO

fernanda montenegro "O Brasil tem um veio de referências cultural e existencial pelo qual o rumo a seguir nos é conscientizado: Gregório de Mattos, Villa-Lobos, Oswald de Andrade, Nelson Rodrigues, Glauber Rocha. Nessa linhagem está Zé Celso  O que os liga? Um clamor, um convocar, um convulsionar, um amar. E mais que amar: proclamar. Esse agir vem de uma alucinada herança ibérica, barroca, mítica, onde, no sagrado e no profano, nós  nos perdemos, nos achamos. E nos salvamos.  O Zé pertence a essa temperatura, a essa pulsação. Um ser extremamente energizado, fustigante, ardido de tanta lucidez, onde a paz do conformismo, em pânico passa ao largo.  O Zé tem, com relação ao Brasil, uma obstinação cultural, existencial de lobo faminto. É um ermitão que não prega no deserto. Aliás, onde o Zé prega não há deserto. Acompanho suas declarações, suas fotos, leio suas entrevistas, admiro suas barbas, seu cajado, seus olhos de vidente. O Zé é um transformador. A partir do Bexiga e

MAS O QUE EU QUERO É LHE DIZER QUE A COISA AQUI ESTÁ PRETA....

CORRESPONDÊNCIA DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA PARA O TEATRÓLOGO AUGUSTO BOAL POR  ALUIZIO PALMAR  IN  DOPS DOS ESTADOS ,  FORÇAS ARMADAS ,  MOV.ESTUDANTIL ,  OUTROS ,  POLÍCIA FEDERAL ,  REPRESSÃO  · 21 DE SETEMBRO DE 2017 ·  1 COMENTÁRIO TAGS:  CENSURA ,  CHICO BUARQUE ,  DITADURA ,  DOPS DO ESTADO ,  FEATURED ,  POLÍCIA FEDERAL ,  REPRESSÃO ,  RESISTÊNCIA "Em junho de 1976, o teatrólogo brasileiro Augusto Boal desembarcou em Lisboa com a mulher e os dois filhos. A mãe, Albertina, recebeu um dos cartões-postais que ele enviou da capital portuguesa no dia 10 de junho: «Mamãe, cá estou eu na Santa  terrinha. Vou ficar mais tempo do que pensava. Logo torno a escrever dando endereço certo. Um beijo». A viagem não seria apenas uma visita ao país de origem de sua família, mas se estenderia por cerca de dois anos, tempo que duraria o exílio em solo lusitano. Fugia de um regime totalitário que se instalava na Argentina, onde, por sua vez, se refugiara da ditadura militar ins

ONDE MEU EU HABITA

Neste lugar que sou eu Onde habitam minhas paixões e reflexões Este lugar que não tem lugar, que vislumbra o mais distante E precisa fincar-se, pés na terra, para descobrir a estrada Esta alma que viaja sem sair do lugar Este corpo que dança mesmo sem se mexer Esta alegria tripulante de muitos acordes Cujas dores acordam os cinco sentidos E os prazeres rebentam desvendando palavras Aqui e agora, nada mais me perturba, além de mim mesma saindo para dentro, voltada para fora.   (Cecilia Rangel)

PRÊMIO APTR 2017 - A HOMENAGEADA SE DECLARA AO TEATRO !!!

Amir Haddad entrega o Prêmio à homenageada da  APTR em 2017: Renata Sorrah !!! Em seu discurso, durante a cerimônia que a homenageou pelo conjunto da sua obra e sua dedicação ao teatro carioca, a atriz Renata Sorrah fez um das mais belas e sinceras reflexões sobre o que é ser ator de teatro. Segue o que foi dito por ela:  “Para mim, a arte é o lugar da liberdade. Nós estamos vivendo um momento, agora, em que é muito importante a gente refletir sobre a liberdade, sobre como a nossa liberdade não diminui a liberdade do outro. Eu tenho o privilégio de ser uma atriz e de poder exercer a minha liberdade através da arte. Eu espero sinceramente que quando as pessoas me virem no palco, me virem atuar, elas consigam se sentir convidadas a serem livres e também serem mais dispostas a serem afetadas pelo outro, assim como eu estou me sentindo agora, aqui com vocês. Dentro de mim, moram todas as pessoas que já trabalharam comigo: dretores, diretoras, produtores, atrizes, atore

AN(DRÉA BELTRÃO)TÍGONA E O PLATÃO DA LAPA

Andréa Beltrão em "Antígona"; Teatro Poeirinha - Rio de Janeiro - 2017 19 de fevereiro de 2017, último dia de apresentação da peça "Antígona". Escolho um assento na primeira fileira do Poeirinha, anexo do Teatro Poeira, para assistir bem de perto a mais um trabalho daquela que, para mim - e sem o menor receio de estar sendo exagera da - , é uma das maiores atrizes vivas do planeta: Andréa Beltrão.   Quem está acostumado a ver Andréa apenas na TV não tem a menor ideia da dimensão que esta mulher alcança enquanto atriz, sua capacidade de atuar sobre as mais diversas personagens, atingindo, em cada uma delas, suas zonas mais sutis, nuances, filigranas, contradições. O que Andréa oferece é uma arte vital, instint iva, animal , farejadora, fisicamente forte , poderosa, e, ao mesmo tempo, milimetricamente controlada, consciente do que quer dizer, por que dizer, como dizer, para quem dizer. Impressionante a facilidade com que ela tra ns ita de uma emoção