POR QUE NÃO TEMOS O QUE COMEMORAR
NO DIA 13 DE MAIO?
Hoje estamos completando os 125 anos da assinatura da Lei Áurea, que terminou com a escravidão no Brasil (terminou?).
Mas
por que não se dá a esta data a mesma importância de 20 de novembro,
dia em que morreu Zumbi dos Palmares, agora conhecido como Dia da Consciência Negra?
Simples assim: quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea o fim da escravidão já era um fato mais do que inevitável, pois a Lei dos Sexagenários já havia tornado livres os escravos com mais de sessenta anos de idade, e a Lei do Ventre Livre instituira inata a liberdade dos afrodescendentes desde a sua promulgação.
O texto da Lei Áurea,
elaborado e aprovado pelo Parlamento da ocasião, chegou às mãos da
Princesa pronto para ser assinado. E ela assim o fez: dali em diante não
existiria mais escravidão no Brasil e revogavam-se quaisquer
disposições em contrário. Ponto.
A
partir daí jogou-se à margem da sociedade milhares de seres humanos
analfabetos, desamparados e humilhados, despatriados, considerados
menores e incapazes. Nada foi feito para que os negros no Brasil
encontrassem proveito na Liberdade. Muito pelo contrário, boa parte
deles continuou a trabalhar sem salário, servindo aos brancos por um
prato de comida, um lugar no chão para dormir, e ainda com mais
subserviência, pois a qualquer momento poderiam ser mandados embora. Nas
lavouras foram substituídos pelos imigrantes, sobretudo italianos, que
além de brancos, dispunham de muito mais técnica no trato com a terra.
Este
episódio, que aparentemente estaria encerrando um dos capítulos mais
torpes da história da humanidade, na verdade, serviu para fomentar o
preconceito e o racismo que ditam veladamente as regras do jogo social.
No
entanto, como contra a força não há resistência, aí está o negro
brasileiro ocupando seus espaços em todas as áreas, apesar e justamente
por tudo isso.
E danem-se as disposições em contrário!
CECILIA RANGEL
(13 de maio de 2013)
Parabéns pelo texto muito lúcido. É uma realidade. A questão da escravidão é muito complexa, e sua abolição mais complexa ainda, com os resultados que estamos vendo. Os EUA tentaram alguma coisa diferente quando aboliram sua escravidão. Criaram a Libéria. A Libéria é uma república localizada na África Ocidental.A história da Libéria é única entre as nações africanas, devido à sua relação com os Estados Unidos. É um dos dois únicos países da África Subsaariana, juntamente com a Etiópia, sem raízes na disputa europeia pela África. Foi fundada e colonizada por escravos americanos libertos com a ajuda de uma organização privada chamada American Colonization Society, entre 1821 e 1822, na premissa de que o ex-escravos americanos teriam maior liberdade e igualdade nesta nova nação. Escravos libertos dos navios negreiros também foram enviados para a Libéria, em vez de serem repatriados para seus países de origem. Estes colonos criaram um grupo de elite da sociedade da Libéria, e, em 1847, fundaram a República da Libéria, que instituiu um governo inspirado nos Estados Unidos, nomeando Monróvia como sua capital, homenageando James Monroe, o quinto presidente dos Estados Unidos e um proeminente defensor da colonização. Ou seja, embora houvesse boa intenção, a ação de repatriamento estava cheia de enganos e a Libéria é hoje apenas mais um pobre país africano. Mas seja qual for a solução que se tenha tentado adotar, seja repatriá-los ou largá-los "libertos" onde se encontravam, nada disso apaga a nódoa deixada na história da civilização pelo fato de homens terem escravizado outros homens. Nada justifica nem apaga essa mancha. A minha pergunta é: "será que algum dia chegaremos a abolir de fato a escravidão?"
ResponderExcluirFica a pergunta no ar...
ExcluirObrigada pelo pertinente comentário!