"Eu vou aproveitar que vocês estão aí à toa mesmo, não estão fazendo nada, e vou lançar a minha candidatura. Eu sou candidato, embora não pareça. Muitos já começaram em piores condições, e acabaram deixando o país em piores condições.
Meus e minhas, senhores e senhoras, meu partido é o PSJ, Partido Sem Juscelino.
Tão assombregético e camalioso que vem milatinar nas congitivas abserviácias para conscrucar a crisocilácea dos acarinídeos incubercitosos. E com que sastifação manifesto a sermenêutica na pretuberância das efervecências securitárias que catilinam as mesocerbáceas (!!!) para enoblefar a dianocésia purificosa das lotarinosas.
Qüem? Qüem - e disse-o bem - qüem... Qüem de vozes poderá nos aquilongar a passagem himênica da periferia básica para estruturar o caldeamento dos equiloláceos esburifinosos?
Não... !!!
Não me entenderão aqüeles qüi selvaminarem nas hepúrbias violáceas clínicas, para conseguirem o qüê?
O qüê, pergunto eu, e ninguém me responde, porque ninguém entendeu bulhufas".
Este texto foi escrito em 1966, pelo genial humorista e showman brasileiro José Vasconcellos. Uma ironia sobre os vazios discursos de campanha dos candidatos a cargos políticos, que visam impressionar aos eleitores usando palavras sem sentido ou mesmo inexistentes, mas que venham surtir à sua imagem uma ideia de grandiosa erudição. Este tipo de oratória, ao mesmo tempo que humilha o ouvinte, fazendo-o pensar que não entende nada por ser ignorante, causa-lhe respeito e admiração pelo palestrante. Uma técnica tão velha quanto demagógica, mas que ainda hoje é utilizada, claro que não de maneira tão óbvia (quase). Um blefe, que muitas vezes dá certo.
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