Há uma definição genial do diretor Antônio Abujamra sobre o que é ser
ator: "O ator dá um passo adiante, o teatro dá dois; o ator dá dois
passos adiante, o teatro dá quatro. Ser ator é isso: correr
incansavelmente para alcançar o inalcançável."
Talvez, por isso, esta seja uma das mais desafiadoras profissões.
Cada passada que o ator dá na intenção de alcançar as dimensões atingidas pelo teatro através dos tempos significa um tanto de emoções provocadas vir à tona, muitas vezes de forma e intensidade assustadoras; experimentações psíquicas chafurdadoras de conteúdos pessoais muito íntimos; rompimento de conceitos e preconceitos, bênçãos, credos, perfis familiares, valores éticos e culturais; reaprendizado na maneira de relacionar-se com o corpo, o seu e o do colega; etc. etc. etc. Tudo isso o ator vive na sua própria carne, mexendo no seu cerne.
Isso porque É ATOR QUEM ATUA.
Atuar é agir, é provocar mudanças, é desmanchar o que está pronto. Caso contrário, não se está atuando, portanto não se é ator. O ator transforma a ideia latente (proposta pelo dramaturgo em seu texto) em matéria manifesta, viva, escarnada. O autor imagina a cena, o ator faz a cena, tornando real o, até então, irreal.
O ofício de ator é danado de louco porque não cabe em três dimensões, simplesmente não tem cabimento. No entanto, quem atua deve ter o domínio do quê, como e por quê está atuando, e saber esculpir-se em personagens.
Há um grande número de bons atores, que atuam com arte e ciência sobre a cena que lhes é proposta. Mas há uns casos raros de atores que chegam a regiões de abandono, desamparo e fragilidade de tamanha periculosidade que aplaudi-los de pé é muito pouco, porque eles chegam lá tão somente para mostrar a nós (inclusive a eles, atores) o que somos e o que somos capazes de fazer.
Detalhe importantíssimo: é com este ofício que o ator pretende ganhar dinheiro, pagar suas contas, ir ao supermercado, sustentar a si e aos seus filhos, como um cidadão qualquer.
CECILIA RANGEL - 1 de dezembro de 2009
Talvez, por isso, esta seja uma das mais desafiadoras profissões.
Cada passada que o ator dá na intenção de alcançar as dimensões atingidas pelo teatro através dos tempos significa um tanto de emoções provocadas vir à tona, muitas vezes de forma e intensidade assustadoras; experimentações psíquicas chafurdadoras de conteúdos pessoais muito íntimos; rompimento de conceitos e preconceitos, bênçãos, credos, perfis familiares, valores éticos e culturais; reaprendizado na maneira de relacionar-se com o corpo, o seu e o do colega; etc. etc. etc. Tudo isso o ator vive na sua própria carne, mexendo no seu cerne.
Isso porque É ATOR QUEM ATUA.
Atuar é agir, é provocar mudanças, é desmanchar o que está pronto. Caso contrário, não se está atuando, portanto não se é ator. O ator transforma a ideia latente (proposta pelo dramaturgo em seu texto) em matéria manifesta, viva, escarnada. O autor imagina a cena, o ator faz a cena, tornando real o, até então, irreal.
O ofício de ator é danado de louco porque não cabe em três dimensões, simplesmente não tem cabimento. No entanto, quem atua deve ter o domínio do quê, como e por quê está atuando, e saber esculpir-se em personagens.
Há um grande número de bons atores, que atuam com arte e ciência sobre a cena que lhes é proposta. Mas há uns casos raros de atores que chegam a regiões de abandono, desamparo e fragilidade de tamanha periculosidade que aplaudi-los de pé é muito pouco, porque eles chegam lá tão somente para mostrar a nós (inclusive a eles, atores) o que somos e o que somos capazes de fazer.
Detalhe importantíssimo: é com este ofício que o ator pretende ganhar dinheiro, pagar suas contas, ir ao supermercado, sustentar a si e aos seus filhos, como um cidadão qualquer.
CECILIA RANGEL - 1 de dezembro de 2009
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