POR QUE NÃO TEMOS O QUE COMEMORAR
NO DIA 13 DE MAIO?
Hoje estamos completando os 122 anos da assinatura da Lei Áurea, que terminou com a escravidão no Brasil (terminou?).
Mas por que não se dá a esta data a mesma importância de 20 de novembro, dia em que morreu Zumbi dos Palmares, agora conhecido como Dia da Consciência Negra?
Simples assim: quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea o fim da escravidão já era um fato mais do que inevitável, pois a Lei dos Sexagenários já havia tornado livres os escravos com mais de sessenta anos de idade, e a Lei do Ventre Livre instituira inata a liberdade dos afro-descendentes desde a sua promulgação.
O texto da Lei Áurea, elaborado e aprovado pelo Parlamento da ocasião, chegou às mãos da Princesa pronto para ser assinado. E ela assim o fez: dali em diante não existiria mais escravidão no Brasil e revogavam-se quaisquer disposições em contrário. Ponto.
A partir daí jogou-se à margem da sociedade milhares de seres humanos analfabetos, desamparados e humilhados, despatriados, considerados menores e incapazes. Nada foi feito para que os negros no Brasil encontrassem proveito na Liberdade. Muito pelo contrário, boa parte deles continuou a trabalhar sem salário, servindo aos brancos por um prato de comida, um lugar no chão para dormir, e ainda com mais subserviência, pois a qualquer momento poderiam ser mandados embora. Nas lavouras foram substituídos pelos imigrantes, sobretudo italianos, que além de brancos, dispunham de muito mais técnica no trato com a terra.
Este episódio, que aparentemente estaria encerrando um dos capítulos mais torpes da história da humanidade, na verdade, serviu para fomentar o preconceito e o racismo que ditam veladamente as regras do jogo social.
No entanto, como contra a força não há resistência, aí está o negro brasileiro ocupando seus espaços em todas as áreas, apesar e justamente por tudo isso.
E danem-se as disposições em contrário!
CECILIA RANGEL
(13 de maio de 2010)
Sóbrio enfoque sobre o tema! E ainda hoje a grande maioria ainda vive sem dignidade, só que agora presa aos grilhões das bolsas familias e do populismo indecente da casta atual! grande abraço!
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