fernanda montenegro "O Brasil tem um veio de referências cultural e existencial pelo qual o rumo a seguir nos é conscientizado: Gregório de Mattos, Villa-Lobos, Oswald de Andrade, Nelson Rodrigues, Glauber Rocha. Nessa linhagem está Zé Celso O que os liga? Um clamor, um convocar, um convulsionar, um amar. E mais que amar: proclamar. Esse agir vem de uma alucinada herança ibérica, barroca, mítica, onde, no sagrado e no profano, nós nos perdemos, nos achamos. E nos salvamos. O Zé pertence a essa temperatura, a essa pulsação. Um ser extremamente energizado, fustigante, ardido de tanta lucidez, onde a paz do conformismo, em pânico passa ao largo. O Zé tem, com relação ao Brasil, uma obstinação cultural, existencial de lobo faminto. É um ermitão que não prega no deserto. Aliás, onde o Zé prega não há deserto. Acompanho suas declarações, suas fotos, leio suas entrevistas, admiro suas barbas, seu cajado, seus olhos de vidente. O Zé é um transformador. A...
Eu falus, tu falas, ele fala, nós filos-of-amos, vós filos-of-ais!, eles filos-of-am I?