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27 DE MARÇO DIA MUNDIAL DO TEATRO  
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NICETTE BRUNO: não há grande atriz que não resida em uma grande pessoa

  Nicette Bruno Nicette Bruno tinha apenas quatro anos, e já declamava e cantava em programas infantil de rádio . Aos cinco, começou a estudar piano, no Conservatório Nacional, e a se apresentar como pianista e, aos seis, ingressou no balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.   Aos onze, entrou para o grupo de teatro da  ACM (Associação Cristã de Moços), passando, em seguida, pelo Teatro Universitário de Jerusa Camões, e pelo famoso Teatro do Estudante, dirigido por Pascoal Carlos Magno e Maria Jacintha. Aos quatorze anos, foi contratada pela Companhia Dulcina-Odilon, de Dulcina de Moraes. E, aos quinze, torna-se protagonista, em Anjo Negro, texto escrito para ela por Nelson Rodrigues  Com apenas dezessete anos, fundou o Teatro de Alumínio , na Praça das Bandeiras, São Paulo, onde também criou, três anos depois, a Companhia do Teatro Íntimo de Nicette Bruno,  inaugurada com a peça   Ingênua Até Certo Ponto , de Hugh Herbert, dirigida por Ar...

MEMÓRIAS DO TEATRO BRASILEIRO - HAM-LET de Zé Celso Martinez Corrêa

HAMLET - montagem do Oficina Uzyna Uzona; direção: Zé Celso Martinez Corrêa       Depois de uma temporada de um ano em São Paulo, em agosto de 1994, a Companhia de Teatro Oficina Uzyna Uzona trouxe para o Rio de Janeiro a incrível HAM-LET, dirigida por seu líder José Celso Martinez Corrêa.      Para a montagem carioca, o cenógrafo Hélio Eichbauer, utilizando-se da arquitetura do pátio interno do casarão que abriga a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, concebeu o espaço cênico no qual a dramaturgia elisabetana do século XVI ganhou expressão na concepção de Zé Celso para a obra de Shakespeare, na última década do século XX.      A temporada carioca ofereceu apenas oito apresentações, que duravam cinco horas e meia, incluindo três intervalos, de quinze minutos cada. Na noite de estreia, o espetáculo terminou às 2:40hs do dia seguinte, e quase totalmente às escuras, pois, lá pelas tantas, a luz do palco entrou em pane.    ...

E O PROFANO ADENTRA O SAGRADO PELA PORTA DOS FUNDOS DA NETFLIX...

Estamos vivendo, no Brasil, um grave momento histórico de perseguição ao campo social das ideias, e a tudo e a todos que possam interferir e/ou implicar em qualquer proposta de discussão sobre o estabelecido. Uma parcela significativa da nossa população, encarcerada pelos muros da pobreza, abandonada e desprezada, colocada totalmente à margem do processo civilizatório, sem acesso a um mínimo de formação intelectual e, portanto, vulnerável e receptiva a uma potente carga de conteúdos fúteis de manipulação de massa a que é diariamente submetida, sem pausa para um mínimo de reflexão, finalmente confirmou sua inevitável propensão a ajeitar-se como podia: ou como "bandida" ou como uma legião de fanáticos religiosos. Desde a década de 1980, se não, um pouco antes, começaram a surgir igrejas, aqui e ali, que, atentas a esse nicho, legado dos inúmeros crimes e improbidades cometidos pelo Estado brasileiro contra o nosso povo, ao longo de sua formação política e histórica, re...

O "BEIJO" NO CINEMA DE MURILO BENÍCIO!

Então, Murilo Benício, conhecido ator de televisão, se arrisca, pela primeira vez, ao mesmo tempo, como produtor, roteirista e diretor de cinema. E quando eu uso o verbo arriscar não é um eufemismo. A versão de Benício para "O Beijo No Asfalto", de Nelson Rodrigues, é toda um risco, um risco que resulta na melhor versão cinematográfica de um dos maiores clássicos rodriguianos, anteriormente adaptada para as telas por Flávio Tambelini (pai), em 1964, e por Bruno Barreto, em 1981.   Murilo Benício dirige Débora Falabella Considero a versão de Benício arriscada e a melhor, até hoje, por alguns motivos: 1 - Gosto de quem se arrisca na ARTE. ARTE sem risco chega a ser, no máximo, um produto bem acabado. 2 - O risco é uma das características específicas e principais da linguagem teatral. Os textos de Nelson Rodrigues resultam de sua genial capacidade em arriscar-se tanto na sua temática quanto na sua estética dramatúrgica. 3 - A escolha de Benício por levar para ao p...

CARTA RESPOSTA DE FERNANDA MONTENEGRO

fernanda montenegro "O Brasil tem um veio de referências cultural e existencial pelo qual o rumo a seguir nos é conscientizado: Gregório de Mattos, Villa-Lobos, Oswald de Andrade, Nelson Rodrigues, Glauber Rocha. Nessa linhagem está Zé Celso  O que os liga? Um clamor, um convocar, um convulsionar, um amar. E mais que amar: proclamar. Esse agir vem de uma alucinada herança ibérica, barroca, mítica, onde, no sagrado e no profano, nós  nos perdemos, nos achamos. E nos salvamos.  O Zé pertence a essa temperatura, a essa pulsação. Um ser extremamente energizado, fustigante, ardido de tanta lucidez, onde a paz do conformismo, em pânico passa ao largo.  O Zé tem, com relação ao Brasil, uma obstinação cultural, existencial de lobo faminto. É um ermitão que não prega no deserto. Aliás, onde o Zé prega não há deserto. Acompanho suas declarações, suas fotos, leio suas entrevistas, admiro suas barbas, seu cajado, seus olhos de vidente. O Zé é um transformador. A...

MAS O QUE EU QUERO É LHE DIZER QUE A COISA AQUI ESTÁ PRETA....

CORRESPONDÊNCIA DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA PARA O TEATRÓLOGO AUGUSTO BOAL POR  ALUIZIO PALMAR  IN  DOPS DOS ESTADOS ,  FORÇAS ARMADAS ,  MOV.ESTUDANTIL ,  OUTROS ,  POLÍCIA FEDERAL ,  REPRESSÃO  · 21 DE SETEMBRO DE 2017 ·  1 COMENTÁRIO TAGS:  CENSURA ,  CHICO BUARQUE ,  DITADURA ,  DOPS DO ESTADO ,  FEATURED ,  POLÍCIA FEDERAL ,  REPRESSÃO ,  RESISTÊNCIA "Em junho de 1976, o teatrólogo brasileiro Augusto Boal desembarcou em Lisboa com a mulher e os dois filhos. A mãe, Albertina, recebeu um dos cartões-postais que ele enviou da capital portuguesa no dia 10 de junho: «Mamãe, cá estou eu na Santa  terrinha. Vou ficar mais tempo do que pensava. Logo torno a escrever dando endereço certo. Um beijo». A viagem não seria apenas uma visita ao país de origem de sua família, mas se estenderia por cerca de dois anos, tempo que duraria o exílio em solo lusitano. Fugia de um regime totalitár...